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Maternidade Tardia: Como a obstetrícia está se preparando para essa mudança de comportamento

A maternidade tardia vem se tornando cada vez mais comum. Em diversos países, incluindo o Brasil, indicadores sobre de planejamento familiar demonstram que as mulheres estão engravidando mais tarde e tendo menos filhos. Em relatório publicado pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), o número de partos em mulheres entre 40 e 44 anos aumentou em 50% quando comparados os anos de 1998 e 2017.

O crescimento das gestações a partir dos 35 anos se deve a diversos fatores, que refletem o modo de vida da mulher moderna, como maior inserção no mercado de trabalho, busca pela realização profissional e independência financeira.

Ao construir uma carreira sólida, com cargos de liderança e jornada de trabalho intensa, fica difícil encontrar um espaço para a maternidade, sem prejuízo à vida profissional, o que leva muitas mulheres a adiarem os planos de serem mães. Além disso, ao priorizar a carreira profissional, os casamentos acabam acontecendo mais tardiamente, e, algumas vezes essas mulheres apresentam maior dificuldade em encontrar um parceiro ou parceira ideal para construir uma família e a maternidade vai sendo novamente postergada.

Embora saibamos que há um aumento crescente da expectativa de vida e que mulheres de 40 anos, hoje, com hábitos de vida saudáveis, praticando atividade física regular, são perfeitamente aptas para gestar uma criança, é fato que a idade reprodutiva não acompanha esse novo ritmo de vida.

Mas, se não houver um planejamento familiar adequado, pode não ser tão simples engravidar quando chegar o momento desejado. Isso ocorre porque a mulher não consegue produzir novos óvulos ao longo da vida. O feto do sexo feminino possui cerca de 6 milhões de óvulos. Ao nascer esse número já reduz para aproximadamente 1,5 milhão.

No início da vida reprodutiva restam apenas 400.000 óvulos e esse número vai diminuindo a cada mês, até que por volta dos 35 anos, ocorre um aumento na velocidade de degradação desses óvulos, até chegar na menopausa. Além da diminuição da quantidade, também temos uma redução da qualidade dos óvulos, conforme aumenta a idade da mulher, o que favorece maior chance de abortamentos e fetos com alterações genéticas.

Pensando em todo esse cenário, a medicina moderna desenvolveu técnicas de reprodução humana, seja para preservação da fertilidade, ou para auxiliar aqueles casais em que, por alguma razão, a gestação não ocorre de maneira espontânea.

O congelamento de óvulos vem sendo cada vez mais utilizado para mulheres por volta dos 30 anos, que não tem uma expectativa de gestar nos próximos anos, ou que querem ter mais de um filho, ou ainda se estão em dúvida se querem ou não ter filhos.

Costumo dizer que congelar seus óvulos é como um seguro. Nem sempre será necessário usar, mas se for preciso, é um recurso importante, pois mesmo que a mulher opte por implantar em uma idade mais avançada, a idade do óvulo permanece igual a da data em que foi congelado.

Outro avanço da medicina bastante interessante para gestações tardias são as biópsias que podem ser realizadas nos embriões, a fim de detectar alterações cromossômicas como a Síndrome de Down, antes que seja implantado no útero. Além disso, também contamos com testes não invasivos que permitem um rastreamento mais eficaz dessas cromossomopatias, apenas colhendo uma amostra de sangue da mãe.

Ao falar de gestação tardia, é importante ressaltar que há maior risco de desenvolver doenças como diabetes gestacional e pré-eclampsia (hipertensão específica da gravidez), por isso é essencial realizar um bom acompanhamento pré-natal, evitar ganho excessivo de peso e praticar atividade física durante a gestação.

A boa notícia é que estudos recentes demonstram que filhos de mulheres que foram mães entre 35 e 39 anos, apresentam melhor desenvolvimento cognitivo. Isso pode ser explicado pelo fato de a mulher ter atingido um nível socioeconômico mais confortável, repercutindo positivamente no modo de criação das crianças.

Além disso, pais mais velhos tentem a punir menos os filhos com castigos e violência verbal, o que demonstra maior bem-estar emocional da prole. Em relação aos benefícios para a mãe, um estudo da Califórnia demonstrou que mulheres que pariram após os 35 anos, apresentam melhores níveis cognitivos e de memória na menopausa.

Enfim, a maternidade tardia é perfeitamente possível. Se esse for o seu desejo, procure um ginecologista para receber as orientações necessárias e saber quais são as suas opções.

 
Dra. Melina Lichti, médica obstetra especialista em Medicina Fetal (CRM 167103 – RQE 100111)